Programa de atenção plena
semana 2
TEMA DA SEMANA: aprofundando o propósito e as práticas informais
“suas intenções estabelecem o cenário para o que é possível. Elas te relembram a todo instante porque você está praticando afinal de contas" - Jon Kabat-Zinn
Como foi a sua primeira semana do programa de mindfulness, ou atenção plena? Você já nota alguma diferença em sua vida cotidiana? Consegue aplicar o estado mental de atenção plena em atividades cotidianas como tomar banho e conversar com os amigos? Consegue estar totalmente presente e aberto para o momento presente? Se não, não se preocupe. Esse é na verdade um grande treino que estamos apenas começando!
Nesta segunda semana do curso, vamos fazer um convite que ajuda muito no desenvolvimento da habilidade de praticar a atenção plena em momentos diversos do dia. Ele é o despertar consciente, que será descrito abaixo.
Esta também é uma semana para aprofundarmos o nosso entendimento e prática do propósito, ou intenção.
É importante nos perguntarmos qual é nossa aspiração, o que profundamente nos motiva, qual o propósito pelo qual você acorda todas as manhãs, ou o que te leva a querer praticar mindfulness.
Estar ciente das nossas motivações ajuda a nos guiar em nossas decisões e notar se o caminho que estamos percorrendo e nossas prioridades são o que realmente desejamos.
Boa prática!
. Prática principal
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Link para escutar a meditação guiada no site ou fazer download: www.semeandopaz.com/pratica
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Praticar de 10 a 30 minutos, intercalando o escaneamento corporal, práticas respiração e de sons e pensamentos. Praticar seis dias por semana. Escolher um dia para não praticar, tirar uma pausa.
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Se preferir e já tiver concentração suficiente, pode realizar sem áudio
Como praticar: Não espere sentir ou atingir nada, simplesmente mergulhe na experiência. Se ficar ciente de que se distraiu, simplesmente volte a seguir o áudio, parabenizando-se por ter voltado à prática. Depois de praticar, note o que você sentiu ou vivenciou, e envie perguntas para o grupo se quiser.
2. Prática informal
Como Jon Kabat Zin descreve no vídeo da semana, é muito bom praticar o despertar consciente. Já na primeira atividade do dia, vamos escovar os dentes em atenção plena, prestando atenção em cada movimento, contato da escova com a boca, dentes e gengivas e se quiser ir mais fundo, troque de mão. Se habitualmente usa a mão direita para escovar os dentes, passe a usar a esquerda e vice-versa.
Logo após a escovação consciente, faça uma breve pausa e coloque uma intenção, ou propósito para seu dia. Se lembrar, no fim do dia, veja se suas ações foram de encontro ao seu propósito.
3. Vídeo da semana
Assista o vídeo inspirador do criador do método atual dos programas de mindfulness, o Dr. Jon Kabat Zin. É realmente imperdível.
3. Leitura da Semana
MECANISMOS DE MINDFULNESS - INTENÇÃO
Shauna L. Shapiro, Linda E. Carlson, John A. Astin e Benedict Freeman
Fonte: https://cienciacontemplativa.org/icc/2020/07/21/mecanismos-de-mindfulness/
Intenção
Quando a psicologia ocidental tentou extrair a essência da prática de mindfulness de suas raízes culturais e religiosas originais, nós perdemos, até certo ponto, o aspecto da intenção, que no Budismo era a iluminação e a compaixão para com todos os seres. Nos parece importante explicitamente retomar isto em nosso modelo (Shapiro & Schwartz, 2000). Conforme Kabat-Zinn “suas intenções estabelecem o cenário para o que é possível. Elas te relembram a todo instante porque você está praticando afinal de contas’ (p.32). E ele continua “Eu costumava acreditar que a prática de meditação era muito poderosa… que contanto que você fizesse tudo direitinho, você perceberia avanços e mudanças. Mas o tempo me ensinou que algum nível de perspectiva pessoal também é necessária” (p. 46, 1990). Esta perspectiva pessoal, ou intenção, é frequentemente dinâmica e envolvente (Freedman, 2005). Por exemplo, um empresário muito estressado pode começar a prática de mindfulness para reduzir a hipertensão. Conforme sua prática de mindfulness avança, porém, ele pode desenvolver a intenção adicional de relacionar-se mais gentilmente com sua esposa.
O papel da intenção na prática de meditação é exemplificado pelo estudo de Shapiro (1992), que explorou as intenções dos praticantes de meditação e descobriu que, conforme os meditantes continuam sua prática, suas intenções se alternam dentro de um contínuo que vai do autocontrole, passando pela autodescoberta e chegando então à autolibertação[1]. Adiante, o estudo constatou que os resultados se correlacionam com as intenções. Aqueles cujo objetivo era o autocontrole e o manejo do estresse, obtiveram autocontrole; aqueles cujo objetivo era a autodescoberta e o autoconhecimento, obtiveram autoconhecimento; e aqueles cujo objetivo era a autolibertação moveram-se nessa direção e na direção da ação compassiva. Estas descobertas correspondem à nossa definição de intenções enquanto elementos dinâmicos e envolventes, que permitem a transformação e desenvolvimento a partir do aprofundamento da prática, da consciência e do discernimento. A inclusão da intenção (i.e., porque o praticante pratica) enquanto um componente central da mindfulness é crucial para entender o processo como um todo, e este é um elemento frequentemente ignorado em outras definições contemporâneas (Bishop et al., 2004).